Steve Bannon, Robert Mercer, Cambridge Analytica — de onde vêem as estratégias de guerra de informação da Extrema-Direita?
Como é que isto é tão parecido um pouco por todo o Mundo? Quem anda a espalhar estas estratégias?
A figura-chave em todos os casos — Trump, Bolsonaro, Brexit, Le Pen, e por associação, Ventura — parece ser Steve Bannon e as empresas do génio matemático Robert Mercer e da sua filha Rebekah Mercer.
Robert Mercer é um génio matemático que conseguiu criar uma das firmas de Wall Street mais bem sucedidas de sempre, a Renaissance Technologies. A firma foi das primeiras a utilizar Machine Learning e Inteligência Artificial para fazer trading.
Uma empresa dele, a Cambridge Analytica foi uma firma de PSYOPS ou guerra de informação sedeada no U.K. que apoiou a eleição de Trump e a campanha para o Brexit. A Cambridge Analytica foi fechada após uma investigação demonstrar que tinha absorvido informação de centenas de milhões de americanos através do Facebook, de maneira que violou os termos de uso dessa rede social.
Robert Mercer era um financiador da Cambridge Analytica e Bannon era Vice Presidente na empresa. Logo depois do fecho da Cambridge Analytica, empresas iguais com o mesmo pessoal e financiamento semelhante apareceram logo de seguida, incluindo a Emerdata, Data Propria e Auspex International.
Os negócios de Mercer/Bannon incluem a Breitbart.com e a rede social abortada Parler (destruída de maneira coordenada pela Google, Apple e Amazon depois dos motins no Capitólio, depois de descobrirem que os motins foram em parte coordenados a partir desta rede social).
Breibart.com é um site de notícias feito para a “alt-right” . Era financiado por Mercer e chefiado por Bannon. De acordo com o próprio Bannon, ele tinha uma “equipa a desmontar o algoritmo do Facebook” para conseguir viralizar as notícias do site.
Bannon tornou-se depois no CEO da campanha de Trump em 2016. Depois de ser demitido da Casa Branca, fez esta entrevista de 2 horas onde disseca as operações da campanha e as suas convicções sobre politica no sec. XXI, de onde tiramos grande parte da informação para os nossos artigos.
Depois da Casa Branca, Bannon viajou pela Europa e teve contactos com vários movimentos de extrema-direita pela Europa, incluindo La Lega em Itália, Frente Nacional na França, etc. (reportagem The Guardian) Pela mesma altura, Bannon foi também “conselheiro” para a campanha de Jair Bolsonaro no Brasil.
Durante o seu tour europeu, Bannon disse querer construir “a infraestrutura para o movimento populista global”. Considerando que Bannon era um estratega do digital, podemos assumir que as estratégias digitais testadas no Brexit e eleição do Trump foram partilhadas com os partidos europeus de extrema-direita.
As ligações entre o Chega de Ventura e outros partidos europeus de extrema-direita são bastante claras. Se Bannon partilhou tácticas, estratégias e infraestrutura como disse, o Chega já terá acesso a informação que foi partilhada por Bannon.